Desde que “eu vim para este mundo”, eu assisto novela. Eu
sou um noveleiro incurável. De todos os folhetins televisivos que acompanhei,
os que mais me marcaram foram O Bem Amado,
O Casarão e Gabriela, todos fizeram História na telinha da TV Globo, nos anos
1970. Até hoje possuo os LPs (os saudoso bolachões) e CDs dessas novelas, e
tenho também alguns exemplares da revista TV
Guia, com fotos históricas de alguns dos nossos maiores artistas.
Estou assistindo os capítulos da nova versão de Gabriela e o que eu mais gostei foi perceber que a Globo manteve
parte da belíssima trilha sonora que foi usada na versão original. Quem
acompanhou o remake de Pecado Capital
deve ter ficado muito triste ao ter que ouvir o Alexandre Pires (argh!)
cantando o tema de abertura, que nos anos 70 foi gravado pelo genial Paulinho
da Viola. Graças a Deus a burrice não imperou dessa vez e quem está
acompanhando a novela está tendo a oportunidade de ouvir novamente "Guitarra
Baiana", com Moraes Moreira; "São Jorge dos Ilhués", com Alceu
Valença; "Retirada", com Elomar; "Modinha para Gabriela",
com Gal Costa; “Porto”, com MPB4; “Filho da Bahia”, com Fafá de Belém;
“Caravana”, com Geraldo Azevedo e “Alegre Menina”, com Djavan. Além disso, o
elenco foi bem escolhido, apesar de muita gente achar que a atriz Juliana Paes,
aos 33 anos, passou da idade para o papel principal. Antonio Fagundes, interpretando
Ramiro Bastos (vivido por Paulo Gracindo em 1975) está a cara do Antonio Carlos
Magalhães, mas convence como o líder dos coronéis.
E como eu entendo de televisão tanto quanto a Patrícia Kogut
entende de desenho, o melhor mesmo é lembrar a edição de uma das revistas mais
divertidas já publicadas no Brasil: Klik.
Editada pela Ebal, de Adolfo Aizen, a publicação foi para as bancas em 1975, e
seguia a linha da consagrada Mad,
revista originalmente americana, que no Brasil foi publicada inicialmente pela
extinta Vecchi. A diferença, é que a revista da Ebal era 100% escrita e
desenhada por brasileiros. Logo na edição de estréia, Klik ofereceu aos leitores uma história em quadrinhos satirizando a
novela Gabriela.
Uma das cenas mais divertidas na sátira da revista, e que
encerra os quadrinhos, mostra o encontro do Coronel Melk Tavares (Gilberto
Martinho) com Jorge Amado. O trabalho do desenhista Roberto Azevedo, que
ilustrou os textos de Cláudio Almeida, fez tanto sucesso na época que até Jorge
Amado escreveu uma carta a Adolfo Aizen solicitando o envio de cinco exemplares
da revista para os arquivos do escritor. Obviamente que Aizen atendeu prontamente
o autor de Gabriela.
Para o leitor ter uma ideia do que circulou na época, selecionei, além da capa
da revista, alguns desenhos interessantes que saíram na citada edição.
Em tempo: viva Sônia Braga! Apesar de esquecida pela mídia moderninha, a atriz
pode ser apreciada no site Youtube com vários momentos da novela Gabriela na
versão original, inclusive a cena que ela sobe no telhado para pegar uma pipa.
Imperdível!
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