segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Dorival Caymmi


Definitivamente 2008 não tem sido um dos melhores anos para a cultura nacional. Além do cantor Jamelão e da comediante Dercy Gonçalvez, perdemos Dorival Caymmi. O que muita gente não sabe é que o famoso cantor e compositor baiano estava bem próximo do desenho. Quando de sua chegada ao Rio de Janeiro, em 1938, o artista teve uma meteórica passagem pela revista O Cruzeiro, pela qual atuou como ilustrador. Além disso, mesmo após sua consagração com a música, Caymmi pintou uma série de belos quadros, cujos temas, assim como nas letras de suas canções, eram o mar e os pescadores.

O desenho que adorna este espaço é de autoria do Mendez, de quem Caymmi foi amigo e um dos freqüentadores dos famosos almoços que o caricaturista oferecia na sua casa, em Santa Tereza.

O Editor da História da Caricatura no Brasil


Resultado de anos de metódica pesquisa do escritor cearense Herman Lima, a História da Caricatura no Brasil, em quatro volumes, é um feito até hoje sem paralelo no gênero. Publicada em 1963, com 910 ilustrações (27 coloridas), num total de 1.800 páginas em papel chamois 120 gramas, a obra permaneceu fonte de referência sobre as origens e a evolução dessa arte no Brasil, além de esmiuçar as influências que nossos caricaturistas receberam de nomes internacionais como Daumier e Hogarth.

Dos artistas analisados – gente como Ângelo Agostini, J. Carlos, K. Lixto, Raul Pederneiras, Belmonte, Nássara, Mendez, Rian (pseudônimo de Nair de Teffé, a primeira mulher a se dedicar ao gênero), Alvarus, Lan, entre outros – muitos contribuíram com desenhos inéditos para esta edição, hoje raridade bibliográfica. Segundo o poeta e tradutor Guilherme de Almeida, “mais do que uma História da caricatura no Brasil, chega isto a ser uma História do Brasil em caricatura. E será essa, talvez, o mais eficiente método de ensinar História aos mais novos, ou recordá-la aos antigos, pois, para tanto, ambos precisam de bom humor”. A guarda da encadernação foi desenhada por Luís Jardim. Nos créditos há um agradecimento ao governo Lacerda pelo financiamento dado à editora para publicação.

O texto acima fez parte do painel que exaltava a História da Caricatura no Brasil, de Herman Lima, na belíssima exposição “José Olympio – o editor e sua casa”, que ficou em cartaz no Espaço Cultural Eliseu Visconti, na Biblioteca Nacional, entre os dias 29 de julho a 23 de agosto.

O ótimo trabalho do curador José Mario Pereira, proporcionou aos visitantes uma rica coleção de fotos, cartas e documentos raros de um dos nossos mais dedicados e bem-sucedidos editores de livros. Quem visitou a exposição teve a oportunidade de conhecer a ousadia de José Olympio na concepção das capas dos livros publicados por sua editora contando sempre com o talento de desenhistas e pintores geniais como Poty Lazarotto, Santa Rosa e Luís Jardim, que também mereceram destaque na mostra. Para enaltecer a importância desta exposição, e ilustrar esta coluna, busquei nos meus arquivos alguma imagem que fosse pouco conhecida do público. Escolhi uma foto que adquiri num desses leilões especializados em antiguidades, pela qual vemos José Olympio acompanhado do historiador Herman Lima e de João Lima, filho do pesquisador, no dia do lançamento dos quatro volumes da História da Caricatura no Brasil.