sábado, 30 de novembro de 2013

Guidacci no Museu da República 2

No Brasil, onde a obra do Mestre Aleijadinho fica exposta ao ar livre, sofrendo ação do vento, da chuva, sol, poeira e cocô de passarinho, nada mais me surpreende.
Ontem, sábado, estive no Museu da República para ver 12 pinturas do ótimo caricaturista e pintor Jorge Guidacci. As obras são de beleza e qualidade extremas, mas confesso que não achei legal ver trabalhos tão lindos expostos nos "jardins" do museu (as aspas são pelo equívoco de chamar de jardim um caminho separado por gramados sem qualquer tipo de ornamento que justifiquem batizar aquilo como tal).
A meu ver, artistas como Guidacci, Hermé, Adail, Lan, Benício, Shimamoto, Marcelo Monteiro, Mariano, entre outros, merecem galerias em espaços nobres, com suas obras protegidas e expostas como arte de primeira grandeza e não como alguma coisa alternativa e descartável.
Cheguei ao museu por volta das 15:h para poder fotografar com uma luz mais favorável. Nas duas horas que fiquei próximo das peças, apenas algumas crianças realmente se interessaram em ver com alguma atenção as pinturas, especialmente a de Noel Rosa. Cheguei a ver uma jovem mãe apressando sua filha que tentou parar em frente ao painel. É triste ver trabalhos tão maravilhosos expostos à indiferença das pessoas que passam pelo local. 
Bom, mas como aqui o espaço é para mostrar as artes de nossos desenhistas, então vamos a 3 dos belíssimos trabalhos do Guidacci que estão no Museu da República, no Catete.

Monteiro Lobato

Noel Rosa

Fernando Pessoa

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Guidacci no Museu da República

O ótimo desenho do caricaturista Nei Lima é para lembrar da inauguração da exposição do Mestre Jorge Guidacci, "Te vi Guidacci", que acontecerá amanhã, sábado, dia 30 de novembro, no Museu da República (Rua do Catete, 153).
Os detalhes estão na caricatura abaixo. Compareçam!


terça-feira, 19 de novembro de 2013

A questão das biografias

Depois de ler na imprensa tanta bobagem sobre quem defende a proibição das biografias não autorizadas, bati com o depoimento do deputado federal Jair Bolsonaro que mostra o quanto nossos queridos Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan estão equivocados e mal orientados. Entre “pérolas” que só uma estranha democracia como a nossa pode proporcionar, numa entrevista concedida à revista Época, o deputado afirmou que “eles que estão defendendo minha tese... É preciso alguma censura. Uma censura se faz necessária de vez em quando. Se não houver certa censura na escola, imagine o futuro da molecada. Tem de ter!”.
Está aí o resultado do posicionamento de quem, por interesses pessoais e pecuniários, fecha os olhos para o passado. Quem não tem nada a esconder, não tem nada a temer. Por mais "intimidades" que nossos grandes compositores tenham para guardar nos fundos de seus baús, com certeza não teremos nada de novo e constrangedor que mude a história e a trajetória desses que estão entre os maiores artistas do gênero. Já a figura do nobre deputado, deve mesmo ter muito a esconder e deixar, como dizem nossos pagodeiros, as coisas no "sapatinho". Que Chico, Caetano, Gil e Djavan revejam a tempo suas ideias, antes que seja tarde. Qualquer regra que seja imposta no sentido de impedir a informação e o conhecimento poderá ter consequências gravíssimas e sem precedentes. Corremos o sério risco de ver chegar o dia em que um político poderá dizer o que um jornal pode ou não publicar a seu respeito. O preço a pagar será indigesto. Depois, não vai adiantar muita coisa entoar os versos de é "proibido proibir".
. . .
Fico imaginando se Herman Lima, o maior historiador da caricatura brasileira em todos os tempos, que publicou diversos artigos sobre nossos principais desenhistas de humor, além da belíssima obra em quatro volumes "História da Caricatura no Brasil" (José Olympio, em 1963), fosse publicar sua obra nos dias de hoje. Imagine, amigo leitor, se o pesquisador tivesse que obter a autorização dos mais de 300 artistas citados em sua pesquisa. Isso praticamente inviabilizaria a publicação daquele que é o mais importante trabalho sobre a caricatura nacional e que é referência obrigatória para todos os pesquisadores que vieram posteriormente. Ou nossos ilustres parlamentares acordam para a realidade, ou teremos atividades importantes como as de pesquisador, biógrafo e historiador ameaçadas por propostas esdrúxulas e reacionárias.

Para lembrar a importante figura de Herman Lima, selecionei algumas caricaturas retratando o grande historiador para ilustrar esta edição de "Desenharte". Os traços de Álvarus, J. Carlos, Mendez, e Souza (esse último desenhou exclusivamente para esta coluna) exaltam o grande escritor e historiador cearense, sem censura ou autorizações prévias.
A página do Jornal de Letras, nº 183, de novembro
O desenho do Souza na versão colorida