


Artista é tudo vagabundo e trabalha de graça
O que é arte, afinal? Quero falar de arte hoje, mas num universo bem amplo, do qual eu e um zilhão de arteiros freelancers fazem parte: cartum, caricatura, ilustração, artes plásticas, design gráfico, infografia, etc. Arte é um conceito tão abstrato que a maioria das pessoas acha que não faz sentido pagar por algo que elas não consideram um “serviço”. Desde que o mundo é mundo, 99% da humanidade acha que arte não é (ou não pode ser) profissão, só hobby. Logo, quem está desenhando, está só se divertindo — e quem insistir em “trabalhar” com arte, é porque é vagabundo. Assim sendo, eu sou um vagabundo. E se você desenha, você também é. Pouco importa se você trabalha que nem um camelo e pouco importa quantos cursos você fez ou quantos prêmios ganhou. No final das contas (com bastante trocadilho), essa é a maneira como somos vistos pelo mundo.
O curioso é que essa é mais uma unanimidade burra que o homem médio criou para, logo em seguida, cair numa contradição: não, ele não valoriza mesmo a arte — e tampouco está disposto a pagar por ela —, mas ele aprecia a arte. Deu para entender? Funciona assim: basta achar um cretino que faça uma arte de graça e convencê-lo a trabalhar em troca de “divulgação”. Artistas dos mais variados matizes recebem diariamente ofertas irrecusáveis como essa. É uma aventura edificante estudar as técnicas de abordagem dessa galera que quer (ou melhor, “precisa” — e "pra ontem") de uma arte, mas “não tem verba”. Uns tentam forjar uma "parceria", onde ambos supostamente estarão “investindo”. Tipo aquele “editor” de portal ou site que está “crescendo e ganhando cada vez mais leitores” e precisa de “gente talentosa para fornecer conteúdo” (alguns sofisticaram essa abordagem, sugerindo um "linkbuilding para ambas as partes"). Outros chegam se derramando em elogios, enaltecendo o seu traço, sua técnica, suas cores e… “aproveitando a oportunidade, preciso de um desenho… nada muito complicado, para não tomar seu tempo”. Se já é bom não tomar muito do meu tempo, melhor ainda se não tomar tempo nenhum, né? Mas tem também o visionário. Aquele cara que está montando uma banda de pagode-sertanejo-axé-universitário que vai “bombar” e precisa de um logo, um site e, se bobear, uma capa de disco. Isso sem falar da turminha do “me desenha”… De graça, claro — afinal, é sempre muito divertido passar o fim de semana trabalhando para os outros sem receber um tostão por isso.
No final, pouco importa a abordagem, já que a finalidade é sempre a mesma: “trabalhe de graça para mim — em troca eu vou te catapultar ao total estrelato”. A situação está sendo subvertida a tal ponto que, se o artista recusar a “oferta”, chega-se a uma estranhíssima inversão de papéis. De repente é como se o artista devesse agradecer aos céus por uma oportunidade como essa (quiçá ele até terá de pagar para poder publicar em um espaço tão ilustre que ninguém lê, nem compra e nem acessa). Enfim, desculpa aí qualquer coisa… Mas claro que uns aceitam trabalhar de graça. Outros aceitam fazer por qualquer “déiz real”. Todos unidos pelo amadorismo e pela má qualidade de seus trabalhos, atravessando o caminho de profissionais sérios do mercado. Então, se você é um profissional em busca de espaço, reconhecimento (e pagamento, claro), o que fazer no meio de toda essa pobreza? Se matar? Não ainda, pois surgiu um cara que vai nos guiar por essa estrada esburacada, sem sinalização e sem destino. Um cara que não fica impassível ou intimidado diante de um pedido de “um desenhinho”. Um cara que sempre sabe encontrar a resposta mais irônica e sarcástica (sem deixar de ser elegante) — enfim, a resposta ideal — aos que nos oferecem aquela irrecusável oportunidade de trabalhar por divulgação. Luis Di Vasca é o libertador de todos os artistas e freelancers, constantemente marginalizados e vilipendiados pelo establishment. Sua cruzada contra a obtusidade e o torpor mental do homem médio é comovente e enche a classe artística de orgulho. Portanto, é meu dever retribuir esse “linkbuilding”. Acessem e aprendam com o nosso herói: http://divasca.blogspot.com/.
Numa dessas coincidências que só acontecem em novelas, o ilustrador Marcelo Monteiro, do jornal O Globo, esbarrou com o grupo enquanto passeava pelo Corredor Cultural, próximo ao CCBB e o Centro Cultural dos Correios. Nas fotos, de cima para baixo, vemos (1) Marcelo (de colete azul) com Hermé, (2) com Adail e Zé Roberto Graúna, e (3) com Adail e Biratan.
Hoje, sábado, dia 10 de setembro, aconteceu o ótimo encontro dos cartunistas cariocas com o Biratan, colega de Belém do Pará, que está passando alguns dias na Cidade Maravilhosa. Biratan trouxe para os amigos seu mais recente livro, Caricaturas de Letra, e aproveitou a oportunidade para distribuir autógrafos para os amigos que compareceram à Adega Timão, próximo ao Centro Cultural dos Correios.
Numa feliz coincidência, o grupo presente teve a alegria de esbarrar com o ilustrador Marcelo Monteiro, do jornal O Globo, que estava a caminho de uma das exposições nos Correios. Marcelo é o ilustrador brasileiro com mais tempo de atuação na grande imprensa. O amigo deste blog pode ver que não perdemos a oportunidade e registramos com muitas fotografias os diversos encontros desses cartunistas de estilos e gerações diferentes.
Estiveram prestigiando nosso amigo Biratan os seguintes colegas: Adail, Alessandra Nogueira, Alviño, André Brown, Deborah Trindade, Duartte, Glen, Guidacci, Hermé, Liliana Ostrovsk, Marcelo Monteiro, Mega, Nei Lima, Rose Araújo e Zé Andrade. Esteve presente também Jorge Lima, biólogo e um dos fundadores do grupo Caricatura Solidária.
No próximo sábado, dia 10 de setembro, o cartunista Biratan estará aguardando todos os colegas cartunistas cariocas para um encontro pra lá de especial. Marcamos em frente ao Centro Cultural dos Correios, Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro (Corredor Cultural, próximo ao CCBB), a partir das 15 horas.
Aproveitando o momento, Biratan trouxe 20 exemplares do livro Caricaturas de Letras, que poderá ser adquirido diretamente com o cartunista pela bagatela de 20,00. Os vinte privilegiados que chegarem primeiro compram o livro e ganham um autógrafo (com direito a um registro fotográfico para mostrar pros netos). Apareçam!
A Secretaria Municipal da Cultura está com inscrições abertas para a 18ª edição do Salão Nacional de Humor de Ribeirão Preto. O evento recebe três tipos de trabalho: cartum, charge e caricatura.
Inscrições: As inscrições podem ser feitas até o dia 13 de outubro, de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14 às 18h, no Museu de Arte de Ribeirão Preto - MARP, na rua Barão do Amazonas, 323, centro. Mais informações pelo telefone (16) 3635-2421.
Trabalhos: Um mesmo artista poderá inscrever três trabalhos em cada categoria. Os trabalhos deverão ser enviados em um único envelope, com ficha de inscrição preenchida e assinada. A seleção e premiação serão realizadas no dia 18 de outubro, por júri composto por três membros designados pela comissão organizadora do salão.
Premiação: Os prêmios serão distribuídos da seguinte forma: três prêmios (um para cada categoria) de R$ 2 mil e três prêmios (um para cada categoria) de R$ 1.000. Poderão ainda, ser conferidas menções honrosas, prêmios de incentivos e troféus.