Conheço muito pouco sobre a trajetória do cartunista, por isso preferi publicar aqui o artigo sobre a morte do chargista que está circulando hoje no site do jornal Tribuna de Minas. Para quem preferir ir até o site do jornal, clique aqui.
Para homenagear o saudoso colega, postamos a ótima charge assinada pelo Mário Tarcitano.
Morre de infarto Bello, o chargista da Tribuna
José Bello da Silva passou mal por volta do meio-dia de ontem, foi levado ao Hospital Monte Sinai, mas não resistiu e morreu às 13h
Juiz de Fora perdeu na última quinta-feira (9) uma de suas maiores referências no humor e na crônica política. Autor das charges que estamparam as páginas da Tribuna nos últimos 25 anos, José Bello da Silva Júnior, o Bello, morreu no início da tarde de ontem, aos 55 anos, vítima de um infarto. Engenheiro civil de formação, o chargista se destacou pelo olhar afiado com que registrou diariamente os acontecimentos da cidade e do mundo. Como era de hábito, ontem pela manhã, Bello enviou sua charge para a publicação na Tribuna, que sai publicada nesta sexta-feita (10) na página 2. O sepultamento aconteceu na manhã de hoje, no Cemitério Municipal.
"O homem é eterno em sua arte, e Bello será sempre lembrado pelo trabalho prestado à comunicação, especialmente à Tribuna, sendo nosso companheiro fiel por 25 anos. Pela pena, acompanhou o cotidiano da cidade e do país, registrando com talento ímpar e humor insuperável o que estava acontecendo. Trata-se de uma grande perda", destaca o diretor-presidente da Tribuna, Juracy Neves.
Amigos e colegas de profissão lamentaram a morte de Bello e destacaram o legado do chargista para a cidade. O cartunista Mário Tarcitano ressalta a repercussão nacional da "Metamorfose econômica", vencedora da Feira de Humor de Juiz de Fora nos anos 1980 e publicada em jornais de todo o país. Na charge, os rostos dos economistas João Sayad e Delfim Netto se fundem em demonstração da continuidade da política econômica, apesar da então sucessão ministerial. "Era uma visão ímpar, uma sacada tão boa que foi exibida até no 'Jornal Nacional'. Foi a mesma época em que eu conheci o Bello e, desde já, sabia que estava diante de um artista muito bom", conta. Tarcitano destaca ainda o desafio de adequar um exercício criativo, como o da charge, ao ritmo diário de uma redação de jornal, missão que Bello cumpriu por duas décadas e meia. "Ele tinha um jeito muito próprio de desenhar. Era possível reconhecer seu traço mesmo sem assinatura", diz.
O chargista Alberto Pinto ressalta a sutileza do trabalho de Bello, que era capaz de tirar humor dos detalhes e dos fatos corriqueiros, uma característica que garantia maior proximidade com o leitor. "Ele não era apenas um colega de profissão, mas alguém que despertava um respeito gigantesco de todos nós. Se pudesse dizer alguma coisa a ele, seria: 'desta vez, não teve graça'."
Entre amigos
A notoriedade do artista perante os colegas de classe creditaram Bello ao posto de homenageado no I Salão do Humor, realizado pela Funalfa em 2009. "Ele era um expoente de Juiz de Fora. Tinha um traço ímpar e dominava o tempo certo do humor", comenta Daniel Rodrigues, organizador do evento. "Abrir o jornal e dar de cara com uma charge do Bello era um ato que estava incorporado ao dia a dia", complementa.
Além do artista talentoso, sobressai a personalidade carismática do cartunista, sendo destacado pelas novas gerações por sua generosidade. "Bello era amigo de todos nós. Isso trazia muita tranquilidade, porque ele era a nossa grande referência", comenta o artista plástico Eduardo Borges, que ainda ressalta a elegância do humor de Bello ao tratar de temas polêmicos, um equilíbrio que o tornava uma figura querida mesmo entre as pessoas que criticava, apesar da acidez das charges. "Ele não perdia a piada, nem o amigo", sintetiza. A popularidade de Bello, a propósito, está registrada em um dos seus últimos trabalhos, um painel feito para o Bar do Bené, retratando os clientes mais frequentes.
Bello começou a exercitar seu traço profissionalmente quando ainda era estudante de engenharia na UFJF, trabalhando como desenhista e ilustrador na gráfica de um curso pré-vestibular. Pouca mais tarde, surgiu a oportunidade de revelar sua veia cômica, quando expôs caricaturas de amigos em uma "Semana da Engenharia". Criados de modo despretensioso, os desenhos lhe renderam uma vaga de chargista no extinto jornal "Diário Mercantil", em 1983. Com o fechamento da publicação, passou pelo Correio da Mata, Diário da Manhã e O Povo na Rua, antes de ser contratado pela Tribuna três anos mais tarde. Além das charges que o tornaram popular na cidade, Bello trabalhou na criação de logotipos e ilustrações para produtos educativos e promocionais. Nos últimos meses, ele vinha se dedicando a outra vertente pouco conhecida de seu talento, uma exposição com pinturas em óleo sobre tela, com imagens abstratas comemorativa a seus 25 anos na Tribuna.
2 comentários:
Não conheci o Bello pessoalmente, mas tive o prazer de dividir com ele uma página de humor numa revista chamada Bizu e no jornal da Universidade, ambos de Juiz de Fora, na década de 80.
Não sabia que bello tinha morrido. Na decada dos anos 80, eramos amigos. ele era uma pessoa super legal, Bello, era chamado por todos nós de bellinho. ùltima vez que vi Bello,foi no carnaval há muitos anos atrás.ele como sempre muito animado. Bello era uma pessoa super carismática. Achava ele muito inteligente, e tinha um talento grande para desenhar. uma vez vi os desenhos dele quando ele era pequeno. O talento dele era nato.
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