terça-feira, 19 de novembro de 2013

A questão das biografias

Depois de ler na imprensa tanta bobagem sobre quem defende a proibição das biografias não autorizadas, bati com o depoimento do deputado federal Jair Bolsonaro que mostra o quanto nossos queridos Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan estão equivocados e mal orientados. Entre “pérolas” que só uma estranha democracia como a nossa pode proporcionar, numa entrevista concedida à revista Época, o deputado afirmou que “eles que estão defendendo minha tese... É preciso alguma censura. Uma censura se faz necessária de vez em quando. Se não houver certa censura na escola, imagine o futuro da molecada. Tem de ter!”.
Está aí o resultado do posicionamento de quem, por interesses pessoais e pecuniários, fecha os olhos para o passado. Quem não tem nada a esconder, não tem nada a temer. Por mais "intimidades" que nossos grandes compositores tenham para guardar nos fundos de seus baús, com certeza não teremos nada de novo e constrangedor que mude a história e a trajetória desses que estão entre os maiores artistas do gênero. Já a figura do nobre deputado, deve mesmo ter muito a esconder e deixar, como dizem nossos pagodeiros, as coisas no "sapatinho". Que Chico, Caetano, Gil e Djavan revejam a tempo suas ideias, antes que seja tarde. Qualquer regra que seja imposta no sentido de impedir a informação e o conhecimento poderá ter consequências gravíssimas e sem precedentes. Corremos o sério risco de ver chegar o dia em que um político poderá dizer o que um jornal pode ou não publicar a seu respeito. O preço a pagar será indigesto. Depois, não vai adiantar muita coisa entoar os versos de é "proibido proibir".
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Fico imaginando se Herman Lima, o maior historiador da caricatura brasileira em todos os tempos, que publicou diversos artigos sobre nossos principais desenhistas de humor, além da belíssima obra em quatro volumes "História da Caricatura no Brasil" (José Olympio, em 1963), fosse publicar sua obra nos dias de hoje. Imagine, amigo leitor, se o pesquisador tivesse que obter a autorização dos mais de 300 artistas citados em sua pesquisa. Isso praticamente inviabilizaria a publicação daquele que é o mais importante trabalho sobre a caricatura nacional e que é referência obrigatória para todos os pesquisadores que vieram posteriormente. Ou nossos ilustres parlamentares acordam para a realidade, ou teremos atividades importantes como as de pesquisador, biógrafo e historiador ameaçadas por propostas esdrúxulas e reacionárias.

Para lembrar a importante figura de Herman Lima, selecionei algumas caricaturas retratando o grande historiador para ilustrar esta edição de "Desenharte". Os traços de Álvarus, J. Carlos, Mendez, e Souza (esse último desenhou exclusivamente para esta coluna) exaltam o grande escritor e historiador cearense, sem censura ou autorizações prévias.
A página do Jornal de Letras, nº 183, de novembro
O desenho do Souza na versão colorida

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Maurício Azêdo

Maurício Azêdo
 
Uma das melhores exposições que tive oportunidade de ajudar a realizar, foi a que comemorou o Centenário da ABI - Associação Brasileira de Imprensa, em abril de 2009. O evento ganhou o título de "Traços Impertinentes" e aconteceu no Centro Cultural da Justiça Federal, contando com 54 cartunistas de todo o País. Na época, convidamos, entre muitos desenhistas experientes, o jovem João Montanaro. O resultado foi um ótimo público e um belíssimo catálogo caprichosamente criado pelo cartunista Ucha.
Quem me apresentou Maurício Azêdo foi a desenhista Lêda Acquarone de Sá. Na ocasião tentei levar para a ABI uma exposição em homenagem ao caricaturista Raul Pederneiras (o único desenhista a presidir a ABI). Maurício achou a ideia interessante, mas me pediu para aguardar o Centenário da ABI para montar uma exposição de humor ainda mais abrangente. Tempos depois, recebi o convite para participar do evento junto com o jornalista Ricky Goodwin.
Hoje, enquanto estava trabalhando, recebi a notícia da morte de Mauricio Azêdo que presidia a ABI desde 2004.
Sei que muita gente não gostava dele e torcia por sua saída da presidência da ABI, mas ninguém poderá deixar de reconhecer seu valor como militante e idealista. Mauricio pegou a ABI falida e com riscos reais de perder sua sede histórica. Como grande articulador político, conseguiu os apoios necessários para salvar a sede da instituição de um possível leilão. Lamento sinceramente sua morte.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

30º Salão Internacional de Humor do Piauí

 
Estão abertas as inscrições do 30º Salão Internacional de Humor do Piauí.
O amigo internauta pode acessar o site do evento para conhecer a programação do evento e seu regulamento, no endereço http://www.humorglobal.com.br/.
 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Mulheres desenhistas / Jornal de Letras nº 179

Edição da coluna Desenharte, Jornal de Letras, nº 179, de julho de 2013, com texto escrito por ocasião da exposição "Ela por Elas - Leila Diniz nos traços das desenhistas brasileiras".


Mulheres desenhistas
Quando em julho de 1909 a revista Fon-Fon! publicou uma caricatura da artista francesa Réjane, os editores estavam fazendo História mesmo sem saber. Era o início da trajetória de uma mulher como caricaturista na imprensa brasileira. A desenhista era Nair de Teffé, que assinava seus desenhos como Rian (Nair ao contrário), considerada por todos os historiadores como a primeira mulher a publicar uma caricatura no mundo
Com o passar dos anos, outras desenhistas surgiram, vieram Yolanda, Arteobela, Irene, Hilde e, num passado mais recente, Marguerita, Ciça e Mariza, entre outras talentosas artistas. Hoje, apesar de ainda serem minoria, muitas mulheres desenvolvem ótimos trabalhos como cartunistas, desenhistas de histórias em quadrinhos e ilustradoras, especialmente na literatura infantojuvenil onde a presença feminina é cada vez mais consistente.
Para comemorar o aniversário de 2 anos da Sala de Cultura Leila Diniz, foi inaugurada no dia 3 de julho uma exposição em homenagem à atriz que empresta seu nome ao belo espaço, reunindo algumas das desenhistas brasileiras mais atuantes, entre elas cartunistas, ilustradoras, caricaturistas e artistas plásticas de diversas gerações, algumas veteranas e outras extremamente jovens que sequer conheceram Leila Diniz e nem viveram os tristes tempos de ditadura e censura que ela tanto combateu.
A exposição “Ela por elas – Leila Diniz nos traços das desenhistas brasileiras” é uma coletiva com obras criadas exclusivamente para a ocasião, sendo, portanto, todas inéditas. O resultado é uma interessante coleção de desenhos, pinturas e esculturas que retratam a figura bem humorada de Leila Diniz e seu espírito libertador.
A exposição conta com obras das artistas Ana Cristina Maciel, Camilla Sanpe, Carla Guidacci, Claudia Kfouri, Claudia Mendes, Cristina Carnelós, Fani Loss, Fernanda Ambrosio, Jacqueline Ventilari, Kamilla Pavão, Laíssa Gamarro, Lili Detoni, Liliana Ostrovsky, Lorena Kaz, Luiza Caetano, Márcia d’Haese, Marcia Mendes, Marguerita, Maria Rita, Monica Fuchshuber, Nat Forcat, Nice Lopes, Patricia Brasil, Regina André, Rose Araujo, Shirlei Fontoura, Thais Linhares, Verônica Saiki e Yara Souza.
A mostra estará à disposição do público até o dia 31 de julho. A Sala de Cultura Leila Diniz fica na Rua Heitor Carrilho, 81, Centro – Niterói. Informações: 2727-5299.

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Agora imagine se Nair de Teffé nunca tivesse saído da bainha das calças de seu pai, o Almirante Barão de Teffé; ou se Chiquinha Gonzaga não tivesse dado um pontapé no traseiro de um marido escolhido por seus pais, e se Leila Diniz não tivesse literalmente conjugado todos os verbos a favor da liberdade de expressão e, principalmente, de escolhas. Especialmente você mulher, que está agora lendo o Jornal de Letras, estaria até hoje aguardando seus pais escolherem um marido para constituir família, criar meia-dúzia de filhos, cozinhar e lavar trouxas de roupas. Possivelmente não poderia eleger os políticos de sua preferência e nem escolher sua profissão. Portanto, esta exposição é uma homenagem à Leila Diniz e às nossas desenhistas, mas é extensiva a todas as mulheres brasileiras ávidas por conquistas e igualdade de condições.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Exposição da artista Nice Lopes

Para os amigos que estão em São Paulo, no próximo sábado, dia 27 de julho, a partir das 14h, a ótima artista Nice Lopes estará na Casa Mistura Fina, Vila Madalena, com a exposição "Le Monde Ilustré de Nice". Prestigiem!
 

domingo, 14 de julho de 2013

Exposição "Mulheres, Monstros e Malabares", de Ana Cristina Maciel



Depoimento da artista Ana Cristina Maciel sobre sua carreira e as exposições mais recentes, especialmente sobre a mostra individual "Mulheres, Monstros e Malabares", que está na Casa de Cultura de Piraí até o dia 31 de julho.
A Casa de Cultura fica na rua Comendador Sá, Centro de Piraí.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ana Cristina Maciel: "Uma festa para os olhos!"


A artista Ana Cristina Maciel inaugura hoje a exposição "Mulheres, Monstro e Malabares", na Casa de Cultura de Piraí.
Conheci Ana Cristina Maciel nas redes sociais, gostei tanto dos trabalhos da artista que a convidei para participar da exposição "Ela por Elas", na Sala de Cultura Leila Diniz.
Para quem estiver no município de Piraí, vale conhecer de perto a obra da artista.
Deixo abaixo o texto divulgado pelo site da prefeitura de Piraí.

A Casa de Cultura de Piraí abre na próxima quinta-feira, 11 de julho, às 19 horas, a quinta exposição da temporada de 2013. A mostra, intitulada Mulheres, Monstro e Malabares e com trabalhos da artista Ana Cristina Maciel, é composta de pinturas, desenhos e esculturas em papel machê e ficará aberta à visitação, gratuita, até o dia 31. De segunda a sexta, das 9h às 16h30 e sábado e domingo, das 10h às 14h.
Coordenador da Casa de Cultura de Piraí e organizador da mostra, Hudson Vale destaca, no trabalho de Ana Cristina, a singularidade onírica com que ela reinventa o mundo:
“Ana Cristina é artista, arteira e jovem adulta. Seus temas são recorrentes e perpassam pelas vivências gravadas em sua trajetória, em que princesas, malabares e monstros se misturam numa ode à vida. Podemos apontar uma proximidade de sua obra com os seus contemporâneos Os Gêmeose, a consagrada Niki de Saint Phalle e a naif-pop”, explica o coordenador.
O designer e ilustrador Morandini classifica o trabalho de Ana Cristina como uma grande festa para os olhos.
“O trabalho de Ana Cristina é daqueles momentos deliciosos, em que a alegria se encontra com as cores e com as formas, resultando numa grande festa para os olhos e para o coração da gente.”
Ana Cristina Maciel nasceu em São Paulo, onde viveu até os 16 anos. Mudou-se para Minas Gerais, de onde se transferiu, há 3 anos, para Piraí. Pedagoga, especialista em ensino de Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais, está concluindo pós-graduação em Ciência da Arte e Cultura na Saúde, na Fiocruz.
Ela se considera artista autodidata, que segue uma tendência de valorização e resgate da cultura popular brasileira em suas esculturas, desenhos e pinturas.
“Minha constante inspiração é a diversidade cultural do nosso país”, diz Ana Cristina, que tem profunda admiração pelos irmãos grafiteiros Os Gêmeos, os brasileiros Lasar Segal e Cândido Portinari, os franceses Matisse e Manet, a franco-americana Niki de Saint Phale e o italiano Modigliani, entre outros.
A artista participou da equipe que produziu os painéis do mosaico das estações do teleférico do Complexo do Alemão e, como educadora de arte, ministra oficinas de papel machê em projetos sócias do CAPS do Rio de Janeiro